24 de abril de 2024 - 3:33 AM

Lava Jato investiga se fornecedora da Petrobras pagou propina por contrato de US$ 2,7 bi

 Lava Jato investiga se fornecedora da Petrobras pagou propina por contrato de US$ 2,7 bi

A Polícia Federal deflagrou a operação Boeman, da 75ª fase da Lava Jato, na manhã desta 4ª feira (21.set.2020), para apurar se a empresa de navegação marítima Sapura, no Brasil, pagou US$ 40 milhões em propina por contrato de US$ 2,7 bilhões envolvendo contratos firmados com a Petrobras para o fornecimento de 3 navios lançadores de linha, vigentes até os dias atuais.
Cerca de 50 agentes cumprem 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo e em Sergipe. Não há ordens de prisão.
Os mandados foram solicitados pelo MPF (Ministério Público Federal) e autorizados pela 13ª Vara Federal de Curitiba.
Segundo os procuradores, a investigação tem como base, dentre outros elementos, a análise de documentos apreendidos em fases anteriores da Lava Jato, extratos bancários de contas sediadas no exterior, trocas de e-mails entre os investigados e ampla cooperação jurídica internacional.

De acordo com o MPF, as investigações indicam possíveis atos de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo contratos firmados com a Petrobras por empresas do Grupo Seadrill –entre os quais contratos celebrados em 2011 pela empresa Sapura. Segundo as investigações, para a construção e o posterior uso em regime de afretamento por 8 anos, os contratos totalizaram US$ 2,7 bilhões.
O MPF diz apurar indícios de que uma das empresas do grupo contratou intermediários e operadores financeiros que, mediante o pagamento de 1,5% do valor dos contratos a título de propina, eram responsáveis por viabilizar a inclusão da empresa em licitações da Petrobras e obter informações privilegiadas de dentro da estatal.
Os procuradores afirmam ainda que, com base nos extratos bancários de contas mantidas pelos investigados no exterior, foi possível identificar que, após receberem seus pagamentos em contas bancárias mantidas em nome de offshores, estes operadores financeiros transferiram parte dos valores a 2 altos executivos da Sapura, 1 então vinculado à Sapura no Brasil e outro à Sapura Energy, sediada na Malásia.
Além disso, a partir da análise de documentos apreendidos, o MPF afirma que foram identificadas suspeitas de que a atuação ilícita dos investigados tenha também abrangido outros contratos da Petrobras, também em favor dos interesses do Grupo Seadrill.
Segundo a investigação, os valores repassados aos operadores financeiros circularam por diversas contas mantidas em nome de offshores, tendo sido identificadas contas controladas pelos investigados em pelo menos 6 países diferentes.
Eis os locais de cumprimento dos mandados judiciais da operação Boeman:
Rio de Janeiro (RJ): 18 mandados de busca e apreensão;
• Macaé (RJ): 2 mandados de busca e apreensão;
• São Paulo (SP): 1 mandado de busca e apreensão;
• Aracaju (SE): 6 mandados de busca e apreensão;
• Barra dos Coqueiros (SE): 1 mandado de busca e apreensão.

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
O MPF afirma ainda que autoridades holandesas também executam mandados relativos à investigação nesta 4ª feira (21.set). Para Marcelo Ribeiro, procurador da República, a operação reflete a importância da cooperação na investigação de crimes transnacionais.
“O trabalho de investigação reforça a importância da cooperação jurídica internacional em uma via de mão dupla: os elementos obtidos no exterior foram importantes para a formulação dos pedidos e o Brasil, novamente, assume uma postura cooperativa cumprindo pedidos de auxílio direto por autoridades estrangeiras, para instrução de casos fora da jurisdição brasileira”, explica o procurador. 

Reprodução: Poder 360